Me deixa ser livre amor...

Ato I
 
“Deixa ser. Me deixa ser livre amor.
Deixa eu ter a opção de escolha.
Deixa eu poder ser má ou boa.
Correr atrás dos meus sonhos.
Sem ter você me segurando a mão.
Deixa eu ser livre. Pra correr nos campos.
Sentir o cheiro gostoso de terra molhada.
A brisa que bate em meu rosto me fazendo ficar acordada.
Deixa eu ser livre. Quero correr riscos.
Quero aprender a rir mesmo sem motivos.
Não ter você controlando meus caprichos.
Querendo fazer de mim um bicho preguiça.
Sem sonhos, sem risos, sem esperança de mim.
Achando que você sabe sempre o melhor para mim.
Deixa eu ser livre. Pois é assim que se cresce:
Andando, correndo, caindo, crescendo e vivendo.
Desse jeito eu serei completa.
Plena e pronta para enfrentar todos os obstáculos.
Que a vida possa me dar.”

 
Ato II

Teu desabafo me doeu no peito:
Saber que você não se sente livre.
Mas eu te peço então: me ensina a te amar como desejas
Para que te sintas livre para me amar.
E eu seja a tua opção de escolha.
Quero, porém, que sejas maravilhosa e bela.
Realizando sempre todos os teus sonhos.
Quero apenas estar por perto
quando da minha mão você precisar.
Vai, amada minha, como queres, correr pelos campos.
Sentir o cheiro gostoso de terra molhada.
E deixar a brisa bater no teu rosto te fazendo ficar acordada.
Não queiras porém correr riscos de olhos vendados.
Me deixa ser o motivo para o teu riso mesmo sem motivo.
Perdoa-me se quis controlar teus caprichos.
Querendo fazer de ti o meu bicho preguiça.
Achando que sei sempre o melhor para ti.
Não quero mais te ver assim, perdida no vento.
Sem sonhos, sem risos, sem esperança de si.
Bem sei que sendo livre é que se cresce.
Ande, corra, caia, cresça e viva.
Se desse modo tu te sentires completa.
Plena e pronta para enfrentar todos os obstáculos que a vida te der.
Temo apenas que sejas um barco a deriva exposto aos perigos do mar.
Deixa ser o teu porto seguro e vem em minhas águas calmas navegar.
Se não, só me resta te esperar com o meu peito cheio de dor.
Velando sempre por ti com o meu espírito protetor.
Até que queiras voltar para o ninho, para o nosso ninho de amor.



Este texto faz parte da coletânea Alma Nua de Ivo Crifar, pela editora Baraúna.
Ivo Crifar
Enviado por Ivo Crifar em 12/02/2009
Reeditado em 30/04/2018
Código do texto: T1435950
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