Ir amando, ir amar-me...
Despede-se de mim a aurora ingrata
e desperta da alma um amor achado
quando serpenteia a ventania desastrada
a dizer-me de novo que a vida foi-me dada.
A primavera não se despediu,
perdi as pétalas murchas,
mas nova pétala já me ressurgiu
e feito flor reaprendi o amor perfumado,
regando jardins, tecendo abraços,
olhando-me cravo e rosa, rosa e cravo.
O vento desfolharado fez este poema-flor
e disse para o meu coração que muito amor
há do lado de cá de minha vontade.
E como a pétala murcha foi ao chão,
resolvi apanhar de lá meu coração
e sorrindo amar-te e assim amar-me.