Euforia que sacia...
Mar e vento incandescente nascentes
Beijados pelo sol e ar num imenso poente
Nas ondas quentes acariciando os meus pés
Na areia por onde brinca e passeia a sereia
O teu corpo velado e inundado pelo luar
Forma um cenário encantado a deslumbrar
Nessa visão surreal me virando ao revés
Pinta, borda e tece com uma seda sensual
E desperta esta emoção louca e carnal
Que domina, fascina e ilumina sem igual
Não preciso te olhar para em mim te sentir,
Já a tenho tatuada em minha alma a pulsar
Nesse delírio cru que emana de dentro de ti,
Toca uma melodia que me deixa em frenesi
Usufruindo deste desejo nu, solto e liberto
Por onde se vê todo meu desejo encoberto
Que desliza do meu corpo, livre e disperso
Indo ao encontro do teu poderoso e possesso
Como o mais delirante de todos os versos
Lapidado numa lápide no relato do universo
Teu absinto fiel e implacável se dissipando
Jorrando pelas veias no fogo lento e brando
No meu sangue bêbado desse teu veneno,
Que me queima o ser e o deixa insano e obsceno
Nessa minha pele revestida pelas tuas mãos
Que perpassa minhas células como furacão
E na perfeita comunhão entre brisa e vento
Doamo-nos inteiros como num sacramento
Marcando o início entre o pecado e o anseio
Sonho concebido e ungido dos poetas e deuses
Intensidade dançante neste tumulo do langor
Que se deslumbra além das catacumbas e da dor
Donde por cada caricia doada e desvendada,
O desejo floresceu e renasceu em disparada
E o louco torpor se desfaz no cálice do amor
Que cena magnífica se descortina e nos domina
Vertendo esse seu pleno sabor de mel e licor
Na mais lúcida e fecunda doçura sob os céus
Nos corpos entorpecidos e finalmente saciados
Adormecem no macio dos seus colos aquecidos
Desejo carnal, fogo delinquente e alucinante
De um casal que soube ser cúmplice e amante
Se libertando na perfeita simetria deste incêndio
Por onde se lambem, queimam e se doam inteiros
Ameaçando despedaçar-nos no seu pleno ser,
Tamanha é a explosão da devoção e do querer
No antro obscuro e sensual da poesia e alquimia
Estão talhados e formados em perfeita simetria
Fomentando-nos no manto do prazer e da euforia
Dueto: Salomé & Hilde
Nota: Inspirado no poema “Euforia” da poetisa Salomé publicado em
http://www.diariodepoesias.com/visualizar.php?idt=1434313