Réstias de sofrimento
Os caminhos que levam ao meu
coração estão desertos e áridos.
Não há caminhantes que conduzam
o amor aos vasos sangüíneos
e as veias estão obstruídas
pela mágoa de dores.
Perco-me na imensidão do
desejo que não foi satisfeito
entre lençóis brancos
e travesseiros macios.
Almas foram desfeitas
no encontro de um longo
desencontro traçado em
anos perdidos entre nossas vidas.
Há lágrimas derramadas
vindas de olhos distantes
e inexpressivos.
Tento me situar no passado
que um dia foi meu e seu.
Resta-me somente a dor
que ficou presa na garganta
entre palavras não ditas ou
mal interpretadas.
Não junto belas letras
nesses traços, pois acumulo
réstias de sofrimento
na escrita mal traçada.
Mão trêmulas denunciam
a insegurança de agora
vinda na emoção recente.
A solidão denuncia a sua
falta em minha vida e
a casa permanece vazia.
E sem respostas para as
perguntas que faço sigo
o meu caminho que agora
sei é definitivamente
separado do seu.