PRAZER DESCOMUNAL
Meus olhos nem precisam se abrir para avistarem tuas formas;
Rio de néctar rompendo comportas, assim me inunda o teu beijar;
Negros cabelos por meu peito a se espalhar, marcas de delírio pelas costas;
Tâmaras em teus seios expostas, um paraíso ao dispor do meu amar!
Sucos de insanidade nas explosões sudoríparas a dois;
Nada fica pra depois, tal como a fé no mundo logo mais a se acabar;
Roupas a se despedaçar, céu a conspirar pelo luar que nos dispôs;
Termas de paz na guerra que sois, ambos um tango infinito no leito a vibrar!
E eis que se dão estágios críticos de uma mútua simetria intravenosa;
A paixão é venenosa, mas nossos poros afirmaram que é vida;
Harmoniosa chegada e partida, vertida em coito entre o verso e a prosa;
Orvalho acasalando a rosa, ciclone penetrando a brisa!
E o tempo foi condescendente, e o céu foi resistente ao devaneio;
Chamamos pelo sol e ele veio, marcamos com a lua e lá nos encontramos;
O teu incêndio foi o meu descanso, te dei nuvens por esteio;
Horas e dias de intenso passeio, jogo em que ambos ganhamos!