Faca amolada
Edson Gonçalves Ferreira
Meu olhar é navalha
Quer retalhar sua carne admirável
Para vampiro, beber e comer as partes mais lindas
Sou o açouqueiro do amor
Tenho sede de ternura demais
A sede é tamanha que adoro a noite
Embora seja uma criatura do dia
Quando as estrelas saem e a lua surge branca e redonda
Viro lobisomem e saio ganindo pelas ruas
Quando encontro a vítima perfeita
Coitada, estará eternamente ligada a mim
Não sei se sou um anjo decaído
Não sei se sou apenas a fome desmedida de Deus por amor
Só sei que sou faca amolada
Pronta para cortar a garganta do teu coração
Para que ela seja só meu
Só!
Divinópolis, 10.02.09