Além da eternidade
Hoje salto da tua boca, apesar de estarmos bem longe; só que flutuo como uma pena desfrutando todos os teus momentos. Quando vestires aquele vestido branco, te recordarei no momento primeiro, quando não te despi com os olhos, inibido que fiquei por tanta doçura e pureza. Estou ao teu lado, cálida flor, que minhas mãos rudes não souberam, não conseguiram cultivar. Te entrego sempre cada instante neste relicário de lembranças. São orquídeas vistosas que rezam na minha prece, enquanto confabulo com Deus, ditando inquisições, sem respostas, a não ser as que tenho. E quando parares ou estiveres sob o céu, vasculhe o espaço em busca de um risco sem cores ou formas exatas. Quando encontrares, saiba que estarei cavalgando a eternidade deste amor, um sonho que brilha, um ponto a mais no mundo celeste para te velar. Se a chuva cair ou o vento, estarei acariciando-te como antes, colado ao teu corpo, desviando o frio... Hás de me sentir, prometo. Serei imorredouro, dourando sua silhueta sem cobiças, nem desejos, mas pecando por lamentar não ter pecado em ti, em tua doce nudez que não despi, daquele vestido branco que me inibiu.