Moleque indigesto
Edson Gonçalves Ferreira
Não sei, não sabe ninguém
Só sei que canto
O quê que a baiana tem
No tabuleiro dela, apresento Carmem
A Pequena Notável que gostava cantar pros moleques indigestos
E os coloridos desses brasis
Dos mulatos inzoneiros
Das baianas fogosas
Visto a camisa listrada e saio por aí
Invés de chá com torrada, bebo uísque e cerveja e penso em ti
Ai, Ioiô, eu nasci pra você
E para as Iaiás também
Alô, alõ, responde, responde com tanta sinceridade
Me dá, me dá, me dá, amor
Sabe, meu bem
Taí, eu faço para você gostar de mim
Você não vai demorar a responder
Porque você já sabe que o meu não é nenhum
Assim, não pode me pedir algum
Só tenho amor pra lhe dar
Da cor do azeviche, da jabuticaba,
Você vai gostar...
Vivem anunciando que o mundo vai se acabar,
Nem ligo, vou tratando de aproveitar
Ai, meu bem, não faz assim comigo não
Você tem, você tem que me dar, tem que me dar seu coração
Afinal, se você não me der o seu coração, vou roubá-lo
Ao seu lado, vou vestir uma camisa amarela e sair por aí
Ao som de um samba arretado
Embalado pelo frenesi da garota sapeca
A pequena grande e imortal
A Carmenzita do meu Brasil
Alô, alô, responde, responde, por favor,
Responde, com toda sinceridade
Responde se gostas de mim de verdade
E, se não gostar, minta: diga que me ama
Eu juro, pelo Senhor do Bonfim, que acreditarei!
Divinópolis, 03.02.09