Sabores iguais
Me perco nos sonhos
dos teus olhos azuis ou verdes;
naqueles oceanos
ou céus tão profundos
e quando volto,
volto outro tão diferente,
tão indecente.
Por isso, gosto
dos teus olhares poemas,
feitos sonetos, novenas.
Por isso, gosto
dos teus versos;
verbos que me arrastam
para junto de ti.
E imagino-te,
porque nunca te vi.
Imagino-me agora, contigo;
água da chuva na tua soleira,
compassada e calma,
feito uma goteira.
E molhados, em salgados suores,
desaguamos os dois, iguais,
sem esquecermos jamais,
que temos os mesmos sabores.