Parimá
O Amazonas corta a barriga verde do meu Brasil,
O mar salga os costados do mundo,
Neblinas magicamente azuis
São marcas de fertilidade
Em calendários vastos
Que, entretanto,
Cabem no território deste travesseiro,
desta flor,
deste devaneio.
Teu corpo é o mais belo naco de terra
À beira-rio, onde vagas chegam preguiçosas,
Poeticamente desmanchando-se em paisagem.
Das águas emergem terras a serem tatuadas ao sol,
Guardando em seu ventre aquosas quimeras:
Dádivas secretas.
Pequeninos mergulhões migram, calmamente,
Dos teus olhos para as tuas mãos.
E eu, que almejo teus olhares lúcidos e molhados,
Percebo-os e quero ser um desses pássaros,
Apenas pelo afã - não pelo exato êxtase -
De pousar - adivinhando arrepios - em querido tato.
Amar estas águas é saber habitá-las
Como Posseidon irrompendo do azul
Para saudá-las,
Reverenciá-las,
Sabê-las vida.
Do recôndito rugir das tempestades
Fica-nos a memória
Do início da biohistória:
Aquecido no mistério do ventre feminino
É líquido o primeiro berço da menina e do menino.
O verde viril das margens do Parimá enlaça uma chuva morna
No peito umedecido dos juncos.
Aves recolhem-se em arrulhos;
Pedras conpartilham silentes segredos;
Jovens flores miram-se, vaidosas, no brilho dos regatos adocicados
E os frutos respondem com generosa exuberância
Ao estímulo que escorre do céu.
Somente eu e meu sonho compactuamos dentro de uma frecha de luz,
Nesta manhã, além de todas as manhãs,
Além dos prados
E dos relógios.
Antecipamos emoções, sentindo-nos enredados
Em noturno verão placidamente nu
Quando nadam , no leito do rio teu perfil e o da lua:
Ambos magnificamente blue.
Agora somos nós na paisagem.
Não mais Iracema, seus trágicos sortilégios e suas jandaias.
Todas as dores refizeram-se no horizonte esticado da memória
E apenas Ulisses busca, repentino,
Seu rosto, sua ilha, seu destino.
Desperta humanidade!
O jangadeiro das ondas do tempo
Afogou a derradeira mágoa.
Ouve!
Sonoros cristais de generosa mineralidade
Narram, enfim, e para a eternidade,
Uma feliz história de comunhão entre homem e água.
O Amazonas corta a barriga verde do meu Brasil,
O mar salga os costados do mundo,
Neblinas magicamente azuis
São marcas de fertilidade
Em calendários vastos
Que, entretanto,
Cabem no território deste travesseiro,
desta flor,
deste devaneio.
Teu corpo é o mais belo naco de terra
À beira-rio, onde vagas chegam preguiçosas,
Poeticamente desmanchando-se em paisagem.
Das águas emergem terras a serem tatuadas ao sol,
Guardando em seu ventre aquosas quimeras:
Dádivas secretas.
Pequeninos mergulhões migram, calmamente,
Dos teus olhos para as tuas mãos.
E eu, que almejo teus olhares lúcidos e molhados,
Percebo-os e quero ser um desses pássaros,
Apenas pelo afã - não pelo exato êxtase -
De pousar - adivinhando arrepios - em querido tato.
Amar estas águas é saber habitá-las
Como Posseidon irrompendo do azul
Para saudá-las,
Reverenciá-las,
Sabê-las vida.
Do recôndito rugir das tempestades
Fica-nos a memória
Do início da biohistória:
Aquecido no mistério do ventre feminino
É líquido o primeiro berço da menina e do menino.
O verde viril das margens do Parimá enlaça uma chuva morna
No peito umedecido dos juncos.
Aves recolhem-se em arrulhos;
Pedras conpartilham silentes segredos;
Jovens flores miram-se, vaidosas, no brilho dos regatos adocicados
E os frutos respondem com generosa exuberância
Ao estímulo que escorre do céu.
Somente eu e meu sonho compactuamos dentro de uma frecha de luz,
Nesta manhã, além de todas as manhãs,
Além dos prados
E dos relógios.
Antecipamos emoções, sentindo-nos enredados
Em noturno verão placidamente nu
Quando nadam , no leito do rio teu perfil e o da lua:
Ambos magnificamente blue.
Agora somos nós na paisagem.
Não mais Iracema, seus trágicos sortilégios e suas jandaias.
Todas as dores refizeram-se no horizonte esticado da memória
E apenas Ulisses busca, repentino,
Seu rosto, sua ilha, seu destino.
Desperta humanidade!
O jangadeiro das ondas do tempo
Afogou a derradeira mágoa.
Ouve!
Sonoros cristais de generosa mineralidade
Narram, enfim, e para a eternidade,
Uma feliz história de comunhão entre homem e água.