Amigo



Seduzir o momento mais uma vez. Ver o sexo parar na hora. Ouvir a inquietude trêmula, brotando febrilmente da nudez lânguida e extenuada, solta, afoita ao pecado. O momento não foi meu. A hora tampouco parou no pensamento. Tudo veio, aconteceu. Participei como constituinte, parte de um contexto, efêmero segundo sublinhado com o nome amigo, aquele que segura a barra, troca palavras, muda cores, faz chover, busca o sol, fita estrelas, te faz poemas, enquanto participas das paradas, vindas e idas pelas noites... Madrugadas. Sou quem nunca te toca, quem não viola teu recato. Sou o pedaço de recado, o mito do namorado da corte que te corteja, o semblante do palhaço. Mas por trás da maquiagem existe um homem quase humano, que salpica tua vida com amor, na imensa grandeza de ser amigo, teu único e fiel amigo.