De vez em quando

Às vezes o silêncio em si se basta

E em um sorriso só se entrega

O motivo, e o que não caberia em palavras

Às vezes, não é o berro quem triunfa

Nem o sussurro quem sucumbe

Quem ganha é o nada sonoro, é a palavra desenhada

Nos olhos

Ás vezes, o som em si não diz

E o olhar só atordoa,

Ou o olhar desvia e mostra o que quer mostrar

Ás vezes, só cabe ao toque o que é do toque

E o não tocar pode ser mais que tudo,

Sofrido, mas inspirador

Às vezes, quem muito fala fica mudo

E quem muito observa não vê nada

E nada mais se encaixa nos seus pedaços

Não há mais espaços, não há mais buracos

Ás vezes o final do começo é o começo do final

Muitas vezes não é.

Às vezes não é questão de não enxergar, mas de não querer

Nem sempre se quer ver o dobro das cores,

Ou todas as cores

Nem sempre se quer saber de tudo.

Ás vezes saber de tudo é subjetivo,

Como os sentimentos são subjetivos.

Ás vezes não.

Nada é sempre. Tudo é Ás vezes.

Ás vezes a comunicação pode ser nula

E só a elevação do cabelo sobre a orelha

O movimento dos braços ao longo do corpo

O ângulo entre a cabeça e os ombros

Os dedos inseguros se apoiando um no outro

Ás vezes só os movimentos, ou a falta deles,

Podem ser mais eternos que mil imagens

Que um milhão de palavras

Ou que algumas centenas de versos

Inúteis como o Sempre.

Sonoros como o Ás vezes.

Ou duplos, como o Eu e o Você.

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 07/02/2009
Código do texto: T1426035