FIM DA LINHA
Todos os dias eu vinha sendo fulminado por esse olhar;
Desnecessário era me falar e o que pairava pelo ar eu facilmente traduzia;
Uma teia de ofertas que me seduzia, um malicioso assediar;
Que para não me equivocar, desentendido até eu me fazia!
Por vezes a sutil proximidade tentava aparentar ser coincidência;
Mas a julgar pela freqüência, mostrou-se ser conspiração;
Cheiro exalando a ofegância da paixão, provocação de rara intermitência;
E uma postura de prudência tentando administrar a sensação!
Breves sorrisos disfarçados e olhos cravejados quando pra trás se olha;
Parece obcecada paranóia, mas claramente é vontade desmedida;
É quase uma invasão arremetida, um convidar que me alicia e se deflora;
A fantasia me querendo em seu agora, numa indireta e óbvia investida!
Por isso a mim nada surpreendeu o que há pouco entre nós se sucedeu;
O impulso nos venceu, subiu e até desceu pelos degraus e elevador;
Uma parede que nos amparou e a mesa improvisada que nos recebeu;
Amor voraz que finalmente nos venceu, fim dos disfarces e derrota do pudor!