FIM DA LINHA

Todos os dias eu vinha sendo fulminado por esse olhar;

Desnecessário era me falar e o que pairava pelo ar eu facilmente traduzia;

Uma teia de ofertas que me seduzia, um malicioso assediar;

Que para não me equivocar, desentendido até eu me fazia!

Por vezes a sutil proximidade tentava aparentar ser coincidência;

Mas a julgar pela freqüência, mostrou-se ser conspiração;

Cheiro exalando a ofegância da paixão, provocação de rara intermitência;

E uma postura de prudência tentando administrar a sensação!

Breves sorrisos disfarçados e olhos cravejados quando pra trás se olha;

Parece obcecada paranóia, mas claramente é vontade desmedida;

É quase uma invasão arremetida, um convidar que me alicia e se deflora;

A fantasia me querendo em seu agora, numa indireta e óbvia investida!

Por isso a mim nada surpreendeu o que há pouco entre nós se sucedeu;

O impulso nos venceu, subiu e até desceu pelos degraus e elevador;

Uma parede que nos amparou e a mesa improvisada que nos recebeu;

Amor voraz que finalmente nos venceu, fim dos disfarces e derrota do pudor!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 06/02/2009
Código do texto: T1424753
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