Dor da alma
A dor varre a alma e leva consigo
a certeza do amor fragmentado e partido.
Na ausência impressa revelo-me
espinho no lugar de onde
antes brotara a flor.
A fragilidade se despe perante
meus olhos molhados pelas
lágrimas sofridas que
tenho em vão reprimir.
Leveza de alma já não
possuo, pois o coração machucado
tinge-se no vermelho do
sangue sobre a paz que já não tenho.
Ainda escrevo sobre amores
deixados pelo vazio do caminho
e nas longas estradas
de cidades que visitei.
A noite fria aquece meu corpo
enquanto a solidão namora
a minha casa deserta de você.
Penso no passado contato em
quase duas décadas e
tento aceitar a partida no presente.
Se hoje choro é porque sou
esquecida de você nos
lugares da vida errante que presenciei.
Pressinto ao longe o toque
difuso do seu coração
no antigo pulsar que o tempo
não apaga, apenas adormece.
Revisitando seus olhos e
provando o doce de sua boca
o desejo não satisfeito
frustra o encontro marcado.
Perco-me no sonho e na
fantasia desenhada não tenho
pousada em sua vida.