Quando a alma silencia
Quando a alma silencia e o coração
chora perambulo pela cidade à
procura de seu rosto que há muito não vejo.
Traço caminhos imaginários que
nunca me levam a você na distância
dos anos passados.
Acalmo a emoção que aflora e inunda
o peito feito a tempestade
em que me transformei.
O tempo que não foi contado
em dias emerge do passado no
vendaval inesperado do encontro.
Ainda guardo cartas raras escritas
por você e na lembrança do que
vivi procuro refazer laços partidos
em algum lugar da memória
de dezessete anos.
Encontro-me no limiar da porta
fechada há tempos e vejo a
janela ampla que agora se abre.
Uma vez mais Deus usa tintas
para colorir de forma intensa
meus dias.
Busco a inspiração perfeita que não
tenho para repousar nesse papel
o impacto da emoção sentida,
o desejo de voltar ao ponto de
partida onde palavras não ditas
ficaram pendentes à espera do final.
Talvez eu ainda procure por vírgulas
e não pontos finais ou reticências.
Você usa verbos que denotam
dúvida e eu os que inspiram esperança.
Quando a alma silencia ouço
apenas o som de sua voz entrecortada
e repleta de emoção sentida.