Quando a alma silencia

Quando a alma silencia e o coração

chora perambulo pela cidade à

procura de seu rosto que há muito não vejo.

Traço caminhos imaginários que

nunca me levam a você na distância

dos anos passados.

Acalmo a emoção que aflora e inunda

o peito feito a tempestade

em que me transformei.

O tempo que não foi contado

em dias emerge do passado no

vendaval inesperado do encontro.

Ainda guardo cartas raras escritas

por você e na lembrança do que

vivi procuro refazer laços partidos

em algum lugar da memória

de dezessete anos.

Encontro-me no limiar da porta

fechada há tempos e vejo a

janela ampla que agora se abre.

Uma vez mais Deus usa tintas

para colorir de forma intensa

meus dias.

Busco a inspiração perfeita que não

tenho para repousar nesse papel

o impacto da emoção sentida,

o desejo de voltar ao ponto de

partida onde palavras não ditas

ficaram pendentes à espera do final.

Talvez eu ainda procure por vírgulas

e não pontos finais ou reticências.

Você usa verbos que denotam

dúvida e eu os que inspiram esperança.

Quando a alma silencia ouço

apenas o som de sua voz entrecortada

e repleta de emoção sentida.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 05/02/2009
Código do texto: T1423664
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