A ESPERA INFINITA
Eu fiz de tudo para conter aquele parecer tão impetuoso;
Compenetrei-me e estive afetuoso, assim fazendo por nós dois;
Procedi conforme a prudência me propôs, fui paciente e generoso;
Mas num arroubo furioso, inexplicavelmente o abandono te dispôs!
Assim te avistei sumindo ao meu olhar com passos apressados;
Intensos sentimentos misturados e a dor que um homem não suporta;
Na alma uma fratura exposta, sonhos dilacerados;
Alvos fracassados e os pés perplexos e parados em frente à porta!
Passou aquele inverno e tantos outros, porém eu nunca mais te vi;
Da porta, entretanto, não saí, olhando para a rua e vislumbrando teu regresso imaginário;
O mundo muitas vezes transformou o seu cenário, mas o meu peito não queria desistir;
Parado à porta eu envelheci, numa das mãos o meu perdão, na outra um afago solitário!
Tanto tempo se passou, o corpo já cansou e meus cabelos estão brancos ressequidos;
Mas nunca foram esquecidos, no meu pensar, nossos momentos de amor;
A injustiça te levou e soterrou todos os castelos e edifícios;
Mas eu não meço sacrifícios, te amo tanto que na porta te esperando ainda estou!
“Árvores morrem, sementes não. Pessoas perecem, o amor jamais!”