Fim de tarde

Rasgo tuas cartas da minha memória,
Esqueço tua voz no meu presente,
Teu nome de flor hoje é espinho,
Tua vida já não é minha história.

Tua mão não mais desliza no meu rosto,
Teus beijos secaram no meu peito,
Teu olhar não é mais o meu espelho,
Teu sorriso perdeu o puro gosto.

Se amor um dia existiu no caminhar,
Não percebemos as flores morrendo.
O caminho alegre se entristeceu
E no horizonte ficou apenas o olhar.

Dos jovens que um dia nós fomos,
Ficou a presença nas tristes rugas.
Dos sonhos irrealizáveis sonhados,
Ficou a realidade do que somos.

Quem dera pudesse nesse meu cantar,
Reviver o canto alegre dos pássaros.
Adormecer entre sonhos de criança
E num leve sopro de mãe despertar.