VOLTAR PARA TI

Das tolices que disse há alguns anos

talvez a mais doce tenha sido aquela

de que iria te amar pelo resto de minha vida.

Esse anseio de profecia nos ilude

e falamos coisas que logo se perdem

no decorrer das horas.

E eu falei e, do fundo do meu coração,

acreditei piamente que iria ser teu.

Mas aí veio o mundo e a vida,

como uma máquina insana, e fomos

despedaçados lentamente.

As coisas e seu peso,

as águas e sua força,

as tempestades.

Tudo veio e com força e fúria

e ficamos muito sem ter o que dizer.

O que era espontâneo

se tornou maquinal.

Construímos uma história,

mas não a que sonhamos.

Mas eu olhei de relance

a tristeza de teus olhos

e vi a cor de um céu antigo,

de um dia em que eu era

bem melhor.

Respirei fundo

e quis voltar para ti.

E a aventura recomeçou!