Sintonia dissonante
A necessidade de me apaixonar
leva-me ao desespero.
O coração não consegue
permanecer em curso
e ritmo calmo.
Busco o amor como a sede
que bebe a água.
Sei que a busca me leva
ao sofrimento.
E pergunto a Deus porque não
posso estar calma, quieta na
emoção, com o amor
adormecido no peito.
Envolvo-me em laços que
serão desfeitos e a dor que
ronda a alma deixa-me inquieta.
Sou a sensibilidade da pele,
o arrepio precipitado do
desejo que não contenho.
Talvez eu precise do amor
como o ar que respiro e a inspiração
se faz presente no decorrer
do tempo, na precisão das
horas, na angústia da incerteza.
Quero o coração livre, mas
sua felicidade está nas
grandes da prisão, no final
do abismo que o espera.
A sintonia dissonante do
canto ensurdece meus
ouvidos e as palavras calam
em meus lábios frases não ditas.
Deixo-me levar nas asas da
ilusão, na miragem do
deserto constante em minha alma.
E o amor invade a casa que
habita o coração deixando-a
sempre vazia na partida.