Sintonia dissonante

A necessidade de me apaixonar

leva-me ao desespero.

O coração não consegue

permanecer em curso

e ritmo calmo.

Busco o amor como a sede

que bebe a água.

Sei que a busca me leva

ao sofrimento.

E pergunto a Deus porque não

posso estar calma, quieta na

emoção, com o amor

adormecido no peito.

Envolvo-me em laços que

serão desfeitos e a dor que

ronda a alma deixa-me inquieta.

Sou a sensibilidade da pele,

o arrepio precipitado do

desejo que não contenho.

Talvez eu precise do amor

como o ar que respiro e a inspiração

se faz presente no decorrer

do tempo, na precisão das

horas, na angústia da incerteza.

Quero o coração livre, mas

sua felicidade está nas

grandes da prisão, no final

do abismo que o espera.

A sintonia dissonante do

canto ensurdece meus

ouvidos e as palavras calam

em meus lábios frases não ditas.

Deixo-me levar nas asas da

ilusão, na miragem do

deserto constante em minha alma.

E o amor invade a casa que

habita o coração deixando-a

sempre vazia na partida.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 04/02/2009
Código do texto: T1421553
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