CAFÉ DA MANHÃ

CAFÉ DA MANHÃ

ESSA INFUSÃO DESSA SEMENTE QUEIMADA

SEJA BEM PREPARADA

PARA SER BEBIDA

QUENTE QUE NEM A NOITE

DOS CORPOS JUNTOS

A BRISA DA RUA ENCIUMADA

DESSE AMOR

PENETRA NAS FACHADAS DOS PRÉDIOS

PARA ROUBAR O CLIMA DO CASAL

MAS O AROMA É MAIS FORTE

ASSIM INTIMIDA A CIUMENTA

A CHALEIRA CHIA ANUNCIANDO

O SINAL DA FERVURA

DA ÁGUA, OU DO CASAL

OS OLHOS NÃO OBSERVAM O QUE ESTÁ NA MESA

PÃO, QUEIJOS, MARGARINA, MEL

TUDO PARA SALUTAR O APETITE

OS DESEJOS DOS PRAZERES

SÃO MAIS FORTES DO QUE A FOME

EXISTE UMA FOME SIM

A FOME DE ESTAR JUNTOS

DEITADOS E AMANDO

COMO SE FOSSE A ÚLTIMA MANHÃ

DE SUAS VIDAS

ELA, A BRISA

DESCONTROLADA

ASSISTINDO TUDO ISSO

EMBAÇA OS VIDROS DA JANELA

TENTA ENGANAR A VISÃO LÁ FORA

MAS NÃO SABE QUE A VISÃO DO CASAL

É CEGA

ELES ESQUECEM DE TUDO

VOLTAM A DEITAR E DORMIR

O SONO ADORMECE SEUS SONHOS

O CAFÉ CONGELA

MAS O AMOR CADA DIA QUE PASSA

FICA FORTE E RESISTENTE

SABE QUE A OBSTINAÇÃO

DESSE AMOR

NÃO É UMA ILUSÃO NÃO

Milton Nunes Fillho
Enviado por Milton Nunes Fillho em 20/04/2006
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