OCULTAÇÃO
Acabei ocultando em uma das
gavetas do passado, tudo o
que tinha, lá ficou minha
vida e o que dela sobrou.
Lá também guardei os ecos
vibrantes e intermitentes
de nossas vozes, que ansiosas
desejavam despertar as madrugadas,
como se elas fossem nossas...
Em uma das gavetas e
com muito carinho, também
escondi a composição que
musicou o poema de nossa canção.
Com carinho reservei um lugar
especial para as folhas murchas
das incontáveis flores que deram
suas vidas para que sobre elas passasse.
Nossas confidências, também
não foram esquecidas, assim
como as memoráveis viagens
estonteantes ao infinito,
como se fôssemos ébrios autênticos...
Assim, se algum dia quiser
trazer alguma coisa à memória, é só
abrir a gaveta do passado, e encontrar
em primeiro plano, as lágrimas
que ali foram guardadas com prioridade...