Alma silenciosa
Ainda sou Rita, mas não sei
se sou Nina ou Rosa.
Tornei-me só no contexto da
vida errante que tive, nos
desencontros que o tempo
comigo compartilhou.
A tristeza de agora é como o
reflexo das lágrimas que
meus olhos vertem.
E a alma desaba do mundo
inquietante em que meu
corpo vive para buscar
abrigo em seu peito.
Há alegrias disfarçadas na
rua, no ritmo alucinante da
música que ouço, na
agitação noturna da cidade.
Em minha casa silenciosa
permito ao pensamento que
vá de encontro a você.
E nessa hora insana penso
onde estará você, qual o
livro lerá agora, a
música que talvez esteja a ouvir.
E sei que não pensa em mim.
Preciso partir, mas não sei
qual a porta devo abrir,
qual o caminho escolher.
Há apenas a incerteza que
permeia a alma insistindo
em ter esperanças vazias
de um dia saber que
talvez você volte para mim.