Não-morado

Num repente,

a gente se encontra,

meio tonta,

sem saber no que pensar.

De repente,

a gente se olha

e acaba se vendo

de modo diferente.

E nem sente

a chuva que molha

a lágrima escorrendo

dentro da gente.

Pelo tempo que não voa,

pelo espaço que inexiste,

pelo som que não ecoa

entre a gente.

O não-estar, nem existir,

quase um mal-estar a insistir

em se imiscuir

entre a gente.

Mas, de repente,

tudo é diferente.

Um não-relacionamento

a preencher o pensamento,

contando os dias e noites

de desencontro!

À espera de um talvez,

de um breve encontro,

noutro mundo, paralelo,

livre de algemas e açoites,

tão nosso,

tão belo!

De repente,

a gente

se encontra.