TE AMO COMO SEMPRE
É certo que mais cedo ou mais tarde terei que colidir;
E desistir de me dissuadir para conter a escalada;
Desoxigenar a ilusão inflada, flertar com o reflorir;
Achar os mapas do redescobrir, que eu ergui na fuga infundada!
Não resta dúvida que o cerne do momento é mesmo agora;
Quando o infértil grão aflora, juras passam a ser verdades questionáveis;
Todos os fins se tornam intermináveis e me vejo por dentro como sou por fora;
Como um nunca servido pelo agora, como guerras entre tribos amigáveis!
Se eu te pudesse prescindir, há muito já serias um mal fatal;
Eu te lavrei num silêncio dialogal, eu te matei nessa mentira;
Não cogitei com o falhar da mira, nunca sonhei com o real;
E agora quero a doçura de teu sal, que sem o qual jamais me vira!
O fato é que não posso mais jogar e a cura já me envenenou;
Confesso que a loucura me tentou e até me enredou por breve engano;
Não foi um voto leviano, foi solidão que verdadeiramente me assolou;
Mas digo que nem ela te levou e como meu passado te amou - ainda te amo!