FEIRA POESIA

Sábado bem cedo

saíamos eu e meu pai,

ele a contar estórias

do avô que não conheci,

eu a inventar brinquedos

que bem vivi...

Chegávamos à feira

e a mistura dos cheiros

se confundia com a poesia cotidiana

numa confusão de cores e gente...

Em cordas, versos simples,

em livros de colorido fraco

dos Poetas de pés descalços

nem podiam sorrir,

Faltavam-lhes os dentes

que a pobreza deixou cair

sobravam-lhes as letras

em rimas pra lá de perfeitas

dedilhadas em seus violões

enfeitados...

-Meu freguês:dizia a morena ao meu pai ,

que em passos calmos,

olhava tudo ao redor -O que vai querer hoje?

Sururu , maçunin fresco

Cavala,carapeba,camurin?

E uma outra pessoa logo gritava: - Seu Jõao,seu João!

Hoje tem cruaçá,pinha,pitomba,maracujá.

Já vou separar....

E o meu velho sorria!!!

Aquilo tudo o fazia feliz...

E eu empolgada com as bonequinhas

de corda e vestidos estampados,

encantada com as panelinhas de barro

ouvia contente o burburinho de vozes

que se misturavam as cores,aos odores,a poesia

e ao vento quente da minha terra,

em nossas saudosas manhãs de sábado.