O AMOR INVASOR
Quem nunca permitiu a ousadia presente em tua investida;
Contempla agora tua fé destemida rondando as margens do coração;
É quase presságio de uma invasão, é incursão nada escondida;
De fascinação travestida, mas esculpida em puro amor e paixão!
Não autorizei tua boca a matar minha sede libidinosa;
Só que veloz e habilidosa, ela pôde suplantar o meu governo e juízo;
Visitou sem prévio aviso a minha fantasia mais audaciosa;
Dominação indecorosa com o perfume da rosa mais irresistível!
Quisera eu saber donde provêm os teus poderes;
Quando atracaste aos meus haveres, tiveste o fim de me conter;
E se cogitar em te deter, somente agravarei tantos arderes;
Se porventura me perderes, eu já nem sei se poderia assim viver!
Não posso presumir quem te ensinou a discernir minhas fraquezas;
Só sei que teus encantos são correntezas, onde me afogo ao te nadar;
Se n’algum dia pretendi te odiar, penso que isso foi parar num mar de incertezas;
Tu és composta de tantas belezas que eu já não consigo não te amar!