Convite de amor dengoso
Convite de amor dengoso
Faz dengo meu nego
se chega e se encosta
roça suas costas em meu peito
ai, ai, esse cheiro tonto
tonteia meus sentidos
em brasa, carvão...
Faz isso não, tirar a roupa
assim, desse jeito, streep
a luz do dia, encandeia a visão...
me enlouquece e me aquece
mordendo meu pescoço, isso mesmo
meu dorso, ombro, dedos das mãos...
Faz loucura, choca a gente de olho
corroendo por dentro, meu bem
invade-me o corpo em banho de língua
ditando palavras, palavrinhas, palavrões...
Faz isso não, todo bom
crioulo, de olho em mim...
Essa ponta de língua em meu peito
incendeia a carne bamba
e toda trêmula, chapada
perde a razão, o sentido...
e em gritos lascivos, delira
em seus braços atados a mim...
No encontro das peles em chama
me chama pelo nome de segredos encobertos
e debaixo dos lençóis
um beijo de boca a catar estrelas
no céu de desejos incontidos...
Faz isso não, meu tesão
beijar-me os ouvidos desse jeito
derreto-me por segundos sugeridos
rio, dou risadas escancaradas
interrompidas por pedidos sacanas
entre as pontas de línguas encontradas...
Faz dengo meu nego
se achega para mim do seu jeito
me puxa pelos braços em delicadeza
e fala palavras enigmáticas
que me confundem o juízo
deixa-me pela vontade atada
dizer te amo, sem enganado
em respiração presa, ofegante,
antes que de mim se vá o outono...
Essa loucura de me prender
aos seus desejos mal...criados... bem...bolados...
Vai fazer, meu nego?
Crioulo, sangue bom...
Então faça, faça do seu jeito
Negra pele libertária de desejos concebidos.