Compasso do Tempo
Por que vejo uma nascente em toda solidão? Assim como
um deserto que esconde em seu ventre um veio de águas cristalinas, seria a dor uma mascara que se impõe ante
o medo da descoberta? O sofrimento um teatro de mario-
netes, que conta a estória em vez da história? Ou seria árida a paixão a cravar a mina, tão alheia a luz natu-
ral? Não encontro mais o pó da existência, nem absorvo
sua efêmera essência. Muito menos a paz que compõe um madrigal. Então me cubro pela desobediência enamorada,
o julgo de uma força inconcebível, a força da liberdade poética e ouço essas vozes, esse canto insistente que
me faz recriar um horizonte perdido. Nesta dimensão do mutável, do inevitável não consigo encontrar o espaço
para descansar meu cansaço. E num acorde desafinado, desregrado. Clamo-te ... Amor!