Vinho e tempo

Coleciono hoje garrafas vazias de um

vinho que bebi do copo e mais

docemente de sua boca.

Não ouso colecionar nada além

disso, pois a tristeza de outrora

insiste em deitar em meu

peito, pousar suas asas na alma.

Preciso apenas pensar no agora,

na urgência silente dos momentos

que juntos compartilhamos, nos

jantares preparados com

amor e felicidade.

Não devo perguntar de mim

o sentimento que você não

tem, necessitando simplesmente

sua presença em minha casa

e na vida sendo visitante ocasional.

Construo palavras feito pontes

que unem margens no

contexto ausente da saudade.

Não tenho derramado lágrimas

nesse papel, pois sei que a

passagem do tempo reflete-se em

vários outros tempos que

não são seus nem meus.

E as tintas coloridas que uso

embotam os olhos e traduzem no

branco a memória do

amor que não tenho.

Me fortaleço nas quintas-feiras

dedicadas à Santa Rita a

quem peço que interceda

por você.

E o faço na leveza da alma e na

certeza do muito que você precisa.

Não me custam as orações,

pois findaram-se a mágoa e a dor.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 29/01/2009
Código do texto: T1410880
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