A pureza do poeta
Edson Gonçalves Ferreira
De madrugada, acordei
O Menino estava na minha cama
Ele me disse: Eu fui tentado no deserto,
Durante três dias, poeta
Tenho dó de vocês, porque são tentados todos os dias
Eu O olhei bem nos olhos e disse:
Você é o Filho Dele
Eu, nós, somos apenas o filho do Filho Dele
E, de verdade, Meu Amor, somos tentados diariamente
Você, Menino, bem o disse
A carne é fraca
E ela é a ponte entre o físico e o espiritual
Por isso, Menino, quando amamos, não pecamos
Buscamos a completude
Vi o sorriso noroso do Menino
Ele me disse:
Acham que você é doido, Pardal
Apenas é um homem sensato
E tem razão quando assume a carne
E as necessidades dela
Não é hipócrita como muitos
Tudo que Meu Pai criou é belo
E você compreende isso
Parabéns para você
Você sabe dos limites
Reparte amor aonde vai
Os impuros não o entendem
Eu, sim
E, sorrindo, sumiu
Dormi, novamente então, tranqüilo, tranqüilo.
Divinópolis, 28.01.09