PODIA ESTAR

Com ela à minha frente

Fumando e bebendo

Como antigamente

Numa espécie de sedução

Que já não se usa

Que dizem decadente

Podia estar

Bem no meio

Ou na ponta de uma paixão ardente

Incinerando a alma

Mas tendo a certeza

Que o amor não seria caduco

Seria permanente

Podia estar

Numa cama com ela

A fazermos coisas da mais suprema perdição

Intimidades para os dois

Mas não para aqui

Pois esse tipo de sentires

Nunca me a escrita e os poemas ocuparão

Podia estar

Com imensos pudores

Para vos revelar

Alguns aspectos da minha intimidade

Não estou a ruborizar

Não vos revelo apenas

Porque isso apenas não faz parte da minha intimidade

Podia estar

Realmente agora nos braços de uma mulher

Ou ela nos meus

Porque nunca soube resistir

A certos encantos teus

Porque te perdi para sempre num dia esquecido

Em que escreves-te no céu

Que não querias estar mais comigo

E não estou também

Pese embora com alguma dor

Porque nunca gostei de escrever a dois

Pois isso é impossível

No teclado do meu computador

E por razões incógnitas

Que pertencem ao Deus dos Crentes

Que definiu a companhia em mim

Ser intermitente

E a solidão

De certa forma a minha companhia de sempre ao acordar

Pela simples e única razão

Que podia estar…