A DEPENDÊNCIA

Não fosse a lua, o que seria do ofício noturno dos navegantes?

E quanto ao brilho nos horizontes, como haveria sem a fronte entardecida?

Sem a sedosa lã produzida, a estação gelada perderia esse suave atenuante

E o que dizer do baile dos amantes? Sem a canção apaixonada decerto silenciaria!

O que seriam dos ribeirões e dos igarapés se não houvesse a retomada pluvial?

E o enlace nupcial, sem o dueto em sincronia admitiria consumação?

Vede o formato do pão, razão de seu robustecer tão virtual

Também o paladar sem sal, que é algo de improvável degustação!

Não fosse a ousadia, seria o leito mero objeto em desuso

Graças ao ângulo obtuso nos é possível um traçado mediano

Sem paralelos e meridianos, o estudo planetário ficaria mais confuso

A erradicação do fuso desorientaria o ser humano!

Assim percebo que inexisto quando atesto esse vazio interior

Despenca todo o meu valor e tudo o que sou desse viver quer desistir

Sou dependente de um sorrir que a Pena do Altíssimo desenhou

Sou tudo que não sou quando me acho preso ao meu eu sem ti!

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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor

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Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 28/01/2009
Reeditado em 02/07/2012
Código do texto: T1408759
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