A DEPENDÊNCIA
Não fosse a lua, o que seria do ofício noturno dos navegantes?
E quanto ao brilho nos horizontes, como haveria sem a fronte entardecida?
Sem a sedosa lã produzida, a estação gelada perderia esse suave atenuante
E o que dizer do baile dos amantes? Sem a canção apaixonada decerto silenciaria!
O que seriam dos ribeirões e dos igarapés se não houvesse a retomada pluvial?
E o enlace nupcial, sem o dueto em sincronia admitiria consumação?
Vede o formato do pão, razão de seu robustecer tão virtual
Também o paladar sem sal, que é algo de improvável degustação!
Não fosse a ousadia, seria o leito mero objeto em desuso
Graças ao ângulo obtuso nos é possível um traçado mediano
Sem paralelos e meridianos, o estudo planetário ficaria mais confuso
A erradicação do fuso desorientaria o ser humano!
Assim percebo que inexisto quando atesto esse vazio interior
Despenca todo o meu valor e tudo o que sou desse viver quer desistir
Sou dependente de um sorrir que a Pena do Altíssimo desenhou
Sou tudo que não sou quando me acho preso ao meu eu sem ti!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor
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