Molhadinho

Edson Gonçalves Ferreira

Quando olhei para o chão do escritório,

Havia poças de água por tudo quanto é lado

Fiquei atônito e, depois, ouvi uma gargalhada feliz

Torcendo a camisolinha, lá estava o Menino, molhadinho

Você parece pinto molhado, Menino - disse eu

Ele me olhou com Seus Olhos luminosos e disse

Estava brincando na chuva, está deliciosa!

Depois você pega um pneumonia, Garoto

Sorrindo, Ele me disse: Eu já não estou neste plano para isso...

Fiquei mais danado ainda

Você me dá um trabalhão, tenho que secar o chão

O sinteco vai ficar manchado

Você -- respondeu-me Ele -- e a sua mania de limpeza

Os homens é que estão precisando limpar os corações

Onde já se viu tanta crise e dois líderes brigando sem razão alguma

Meu pai deixou o livre arbítrio

Ele está em qualquer lugar

Quando você levanta uma pedra, Ele está lá

Ele está lá como Eu estou aqui, Pardal

Envergonhado, respondi:

Eu sei que não mereço escutá-Lo mesmo que só, espiritualmente,

Eu sei que não mereço vê-lo, mesmo que seja só com os olhos

do coração

Concordo com Você, Menino

Os líderes do mundo não estão preocupados com o povo

Só olham para seus umbigos

Escutei outra gargalhada sonora

E, então, o Menino me disse

Quando você escreve certas verdades, Poetinha,

Seja em prosa ou em verso, aqui ou nos jornais, eles tremem

Porque você fala manso, mas com a força do cajado de meu Pai

E eu que enxugava o sinteco, voltei o meu olhar para vê-Lo

E Ele desaparecera, mas vi um lírio se abrindo na varanda

Branquinho como a bandeira que o mundo precisa hastear.

Divinópolis, 27.01.09

edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 27/01/2009
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