Cores e canções
Pouco sei das cores de Frida Kahlo,
mas muito das canções de Chico.
Conheço a extensão plena do
seu corpo, o poder que seduz,
provoca o meu.
Nada sei de sua alma que
se fecha em copas ou se
transforma em concha no
mar de água revolta e silente.
Ensino a você palavras novas,
tento inserir em seu peito a letra
do meu nome, um alfabeto inteiro de amor.
Posso usar todas as vogais e consoantes
e criar neologismos ou escritos profanos
se me refiro ao corpo seu, antes
e momentaneamente meu.
Posso tudo estando poeta, treinando
a inspiração, criando versos,
brincando com as letras.
Poeta da alma que se abre inteira
em flor e transforma em fruto
o amor sereno e preciso.
Se fecho os olhos a memória resgata
sua imagem, seus gestos e palavras.
Me pego de repente sorrindo o
seu sorriso, repetindo seus passos,
sentido seu gosto em minha boca.
Sou insana no ato que cometi,
no sabor da fruta que experimentei
e não precisei de proteção,
deixei as defesas de lado.
E o fiz somente por você e com você.