Noite poética
Anjos conspiraram na noite em que
estivemos juntos a ouvir canções de Chico.
E tudo era tão poesia que a pele
arrepiava o desejo incontido.
Ultrapassei as barreiras
impostas pelo tempo.
Meu corpo queria o seu.
Minha boca, sedenta, buscava
o beijo que não vinha.
Como a mão que procurou
a sua durante o espetáculo encenado.
Tal qual a surpresa no final da peça,
o convite, as palmas para
o casal mais apaixonado.
Surpresas e surpresas no doce
momento da calma noite poética.
E eu pensava que o
tempo não existia.
Quis guardar na memória todos
os detalhes, as minúcias do
que naquele momento vivia.
Esqueci-me do mundo estando
dentro do mundo e perto de você.
Eu te amo cantavam os atores.
Eu te amo ressoava em meus
sentidos como frase proibida
no nosso contexto sendo mais
seu do que meu.
Não quero assustar você,
estando em você, querendo você.
Permito-me viver o agora
nas linhas do pensamento
e no sabor de seus beijos.
E assim construo a ponte que
de quando em vez tem
me levado a você.