Alma de menina
Quando você me chama de menina
sinto o tempo que já não tenho
voltar nesse instante.
E menina estou em seus braços,
no acolhedor beijo que recebo,
no toque suave de suas mãos.
E esse tempo que não é meu
nem seu reflete em meus olhos
a angustia, o medo de
não ter mais você.
A alma de poeta e menina
rasga o peito, sangra o coração.
O que me aflige não está
nas palavras que escrevo, mas
na alma que sente.
Não derramo lágrimas e a
tristeza que por vezes visita
a minha casa me
deixa vazia de sentimentos.
A fragilidade permeia dias e noites
e nessa sucessão de horas
procuro seus olhos pousados em mim.
Devo me conformar com o
pouco tempo que temos, saborear
com delicadeza o fruto do
desejo que não consigo conter.
Sua ausência em mim traça
o desconforto dos que amam
e não são correspondidos,
dos que sofrem e não são confortados.
Restam-me simples lembranças
de momentos vividos com você,
na essência madura do que é
saber amar e estar amando.