Andança

Minha alma triste, no caminho, chora;

Não a falta, que ora você me faz,

Não as lembranças, que o longo tempo traz,

mas os meus erros pela eternidade.

O peito, amigo, dói-me lanscinante,

como se a faca cortasse-lhe a carne,

como o grito solitário da amante

pelas ruas tão desertas da cidade.

Sóis e luas não foram o bastante

para levar de mim esse tormento,

essa ilusão, a dor, num só lamento,

e pôr fim aos dias de amargura...

Perdi-me em mim e tento me encontrar,

na bagunça desse meu sentimento...

Ponho, então, o coração aqui no mar

Para que o tomes aí em pensamento.

Seguara-o e não o deixe partir;

Guarde-o a salvo de mim contigo,

pois o dia com luzes há de vir

Trazendo-me esse amor como um abrigo.

Sol Galeano
Enviado por Sol Galeano em 24/01/2009
Código do texto: T1402182
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.