Andança
Minha alma triste, no caminho, chora;
Não a falta, que ora você me faz,
Não as lembranças, que o longo tempo traz,
mas os meus erros pela eternidade.
O peito, amigo, dói-me lanscinante,
como se a faca cortasse-lhe a carne,
como o grito solitário da amante
pelas ruas tão desertas da cidade.
Sóis e luas não foram o bastante
para levar de mim esse tormento,
essa ilusão, a dor, num só lamento,
e pôr fim aos dias de amargura...
Perdi-me em mim e tento me encontrar,
na bagunça desse meu sentimento...
Ponho, então, o coração aqui no mar
Para que o tomes aí em pensamento.
Seguara-o e não o deixe partir;
Guarde-o a salvo de mim contigo,
pois o dia com luzes há de vir
Trazendo-me esse amor como um abrigo.