Nas cinzas das horas
Nas cinzas das horas meu corpo repousa
suave na cama vazia de você, no
toque que sinto apenas guardado na memória.
Na noite escura que cobre o céu o frio
transpassa minha pele, adormeço entre
lágrimas pontuadas de saudade, na solidão
que embala meu sono triste.
Nada consola a dor que sinto a penetrar
feito um punhal a alma doce e sofrida.
De ilusão feita nas alegrias do amor raro,
no tempo por você permitido, na solicitude
de momentos provados, na essência de ser
o que jamais ousei, na certeza do inesperado adeus.
Não me diga adeus em palavras ou gestos
que magoam o coração e trazem água aos olhos meus.
Aprendi na minha poesia os traços
delicados de quem ama, o desenho de quem sofre.
Faço das letras o rascunho poético que fala
de você e ao fechar os olhos meus seu sorriso
aparece feito o pecado que quero, o
lado santo do corpo que deseja o que não tem.
Pensar em você é estar perdida no labirinto de
sentimentos, na voragem da paixão que insana
devora o peito, marca de angústia
e sofrimento os laços desfeitos.
Encontro-me perdida no abismo que há entre
mim e o seu coração, na distância que se
faz presente em seus olhos.
E ainda assim procuro por você nas linhas
do tempo, na delícia do beijo e na
certeza que se desfaz a cada anoitecer.