Nas cinzas das horas

Nas cinzas das horas meu corpo repousa

suave na cama vazia de você, no

toque que sinto apenas guardado na memória.

Na noite escura que cobre o céu o frio

transpassa minha pele, adormeço entre

lágrimas pontuadas de saudade, na solidão

que embala meu sono triste.

Nada consola a dor que sinto a penetrar

feito um punhal a alma doce e sofrida.

De ilusão feita nas alegrias do amor raro,

no tempo por você permitido, na solicitude

de momentos provados, na essência de ser

o que jamais ousei, na certeza do inesperado adeus.

Não me diga adeus em palavras ou gestos

que magoam o coração e trazem água aos olhos meus.

Aprendi na minha poesia os traços

delicados de quem ama, o desenho de quem sofre.

Faço das letras o rascunho poético que fala

de você e ao fechar os olhos meus seu sorriso

aparece feito o pecado que quero, o

lado santo do corpo que deseja o que não tem.

Pensar em você é estar perdida no labirinto de

sentimentos, na voragem da paixão que insana

devora o peito, marca de angústia

e sofrimento os laços desfeitos.

Encontro-me perdida no abismo que há entre

mim e o seu coração, na distância que se

faz presente em seus olhos.

E ainda assim procuro por você nas linhas

do tempo, na delícia do beijo e na

certeza que se desfaz a cada anoitecer.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 23/01/2009
Código do texto: T1401056
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