Constante partida
Quando a noite tece seu negro véu
e tinge de nuances coloridas a face
triste que se desvanece ao de você
lembrar sinto-me absorta e
perdida na incerteza do amanhã.
Ouço o canto das cigarras que ecoa
em meus ouvidos e a melodia
dissonante me remete ao passado outrora feliz.
Pouco sei de felicidade e muito das dores de amor.
Vivo na expectativa do dia, o enlace
do encontro furtivo no leito que se faz de
paixão, nos lençóis prontos para as poucas
horas nos braços seus.
Ainda sou feita de rosas e a alma
cálida repousa suave no peito meu
castigado pela angústia que passeia
insone, nas lágrimas que molham o
rosto sofrido, na ânsia da partida
tão sempre presente.
Os sabores vindos de sua boca suscitam em
mim o desejo violentado pelo pouco
tempo que me sobra, as sobras de
carinhos e afagos a mim dedicados.
O tempo torna-se imperioso em seus
domínios fazendo-me refém das horas,
da semana que passo sem ver você.
Sinto a alma quebrada, o sorriso desfeito
e a alegria refeita ao ouvir por minutos
sua voz doce e serena do outro lado da
linha, única recompensa para o coração
aflito que bate dentro do peito.
O que faço de mim reflete-se na tristeza
que sinto ao sentir você tão distante em
uma sempre, constante partida.