Constante partida

Quando a noite tece seu negro véu

e tinge de nuances coloridas a face

triste que se desvanece ao de você

lembrar sinto-me absorta e

perdida na incerteza do amanhã.

Ouço o canto das cigarras que ecoa

em meus ouvidos e a melodia

dissonante me remete ao passado outrora feliz.

Pouco sei de felicidade e muito das dores de amor.

Vivo na expectativa do dia, o enlace

do encontro furtivo no leito que se faz de

paixão, nos lençóis prontos para as poucas

horas nos braços seus.

Ainda sou feita de rosas e a alma

cálida repousa suave no peito meu

castigado pela angústia que passeia

insone, nas lágrimas que molham o

rosto sofrido, na ânsia da partida

tão sempre presente.

Os sabores vindos de sua boca suscitam em

mim o desejo violentado pelo pouco

tempo que me sobra, as sobras de

carinhos e afagos a mim dedicados.

O tempo torna-se imperioso em seus

domínios fazendo-me refém das horas,

da semana que passo sem ver você.

Sinto a alma quebrada, o sorriso desfeito

e a alegria refeita ao ouvir por minutos

sua voz doce e serena do outro lado da

linha, única recompensa para o coração

aflito que bate dentro do peito.

O que faço de mim reflete-se na tristeza

que sinto ao sentir você tão distante em

uma sempre, constante partida.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 23/01/2009
Código do texto: T1399508
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