SE EU TE AMASSE UM POUCO MENOS
Talvez não visse toda minha vida esculpida em teu olhar;
E conseguisse mundo a fora caminhar sem esbarrar com teu fantasma em cada esquina;
Nem fosse teu sorriso céu de minha retina, como uma sina a te talhar;
Talvez eu conseguisse invalidar algum adjetivo teu que me fascina!
Ainda que doente de amor, bem sei que não seria como esse coma de agora;
E o meu ego que te adora, conformado dormiria não mais que admirado;
Talvez não estivesse o coração tão seqüestrado, nem fosse eu tua leitura que aflora;
E até não fosses odalisca e senhora presente em mim dos alicerces ao eirado!
Algo me diz que eu não conseguiria ser essa poesia tão pulsante;
E encontraria outra cena radiante, pra dividir com o vulto teu;
E a febre que por ti me absorveu, me assediaria mais distante;
Que eu não te acharia a todo instante e até me lembraria de ser meu!
Porque te amo tanto assim, vivo no além dos infinitos;
Faço-te dogma de meus ritos, nado voando até teus braços;
Quisera folgas nesses laços, quisera anseios comedidos;
São universos expandidos, esses amores distribuídos em meus pedaços!