A aragem...
 
O alarido da alvorada;
Desperta ilusão
O que será desse dia?
Revolve amotinada, á aluvião
Na agitação do mar...
Agourando a agonia,
Quem o diria?
A aura afagando,
A esconsa sinfonia
No trinar do sabiá
Nevoando a Mirra.
E as flores a propalarem
Com lusco fusco enfadonho,
De voá-lo colibri...
Flanam no zéfiro os delíquios,
Os pássaros feridos
Sibilando desamor,
No estiolar das margaridas;
Desfazendo luas orvalhadas
No âmago do dissabor...
Exalando bálsamo contrito
Já inconteste no vácuo ,
E o absurdo amimado
O vento contrista!
Há um tempo passado
De uma vida fugidia...
A viver um amor
Posto nas cinzas do dia!
Como as flores fanadas
De as secas sementes,
Gemando outros entes
Quão bela lida!
São amores que morrem
E como as flores vívidas,
Ornam as íris na chegada
Umedecendo as perrarias...
O que sei do amor é vida!
Acenando as mortas pétalas
Em uma túrgida despedida...
E na vigília lúdica da desventura
Vai carpindo a amargura
Ressuscitando amor, a lestada
Bramida...
 
“A Poetisa dos Ventos”
Deth Haak
12/4/2006
 
 
Arte: "Ternura" de Lucy Hetka



Deth Haak
Enviado por Deth Haak em 15/04/2006
Reeditado em 06/04/2012
Código do texto: T139602