Encanto e desencanto
Por que amo, meu Deus, por quê?
Sei das distâncias,
dos caminhos das dores,
dos sorrisos das ruas,
das infâmias e horrores,
sei de tudo, meu Deus,
mas não sei dos amores que sinto.
Hoje escrevo este poema como uma ilha,
ao lado de fartos mares de desilusão
e só para a vida o que há em minhas mãos,
o que vejo ou o que não quero ver.
Amar é distrair-se dos males,
é afundar com o vinho no cálice,
cálice tragado em confusão injusta.
Por que eu amo tanto, meu Deus, por quê?
Deveria apenas gostar, flertar atrevido,
ouvir as palavras, namorar escondido,
mas amar de verdade e tudo e tanto,
esse é o meu maior encanto que me desencanta.
Por que devo amar assim, meu Deus, por quê?