À sombra do holocausto
Nunca, nesta existência,
cantei pelas manhãs
o canto puro do amor....
Nunca trouxe nos olhos
o sabor e o dissabor das aventuras....
Nunca acordei e deitei
ao som de um único pensamento...
Muito procurei,
mas a vida trouxe-me o amor amigo,
companheiro de horas vazias
nas quais esperava por um doce alento.
Tristeza? Nunca...
Fui feliz a meu tempo e a meu modo
(felicidade é um estado de espírito).
Hoje, provo o mel e o fel
do holocausto em meu peito;
canto e choro
o sentimento que me invade
e me toma os espaços
que nem sabia existir....
Hoje, busco a paz no sossego
dos teus braços, ternos abraços,
dos teus lábios, doces beijos,
que me fizeram entender o amor...
É uma paz que me custa a chegar
que fere e sangra na insegurança
de tantas diferenças...
Não posso falar por tua boca
nem sentir por teu coração,
mas o desejo de viver esse amor
permanece na alma,
na ansiedade dos meus olhos
à procura do brilho nos teus.....
O meu futuro cabe
no azul da esperança
de ser o teu céu o meu espaço;
no amarelo das noites solitárias
cuja sintonia não me toca o espírito.....
Cabe nas tuas mãos
quando, nas minhas,
tocares com verdade inconteste....
Até lá, verei o tempo ibernar;
vagarei pelas ondas do mar,
deste mesmo mar que guardou nosso segredo,
esperando que me encontre nessas águas
e que sejamos um no horizonte.