Ilusões desfeitas
Se meus olhos se fecham o coração se
abre por inteiro entregando-me a você.
Há lágrimas na saudade de agora e
no seu ápice a dor permeia o
peito e dilacera a alma.
O seu tempo é diferente do meu e
nessa distinção me perco em emoções
e reações conflitantes que
duelam entre si.
Há muito deixei as batalhas no
campo e já não chamo você de
general, mas ainda percebo sua
fragilidade que esconde sentimentos
e devasta meus sentidos.
A angústia de sua ausência em mim
suscita dúvidas, trava diálogos
internos que tento evitar
e não consigo.
Logo eu que ensinei a você
como parar com os tais diálogos
que apenas manipulam nosso pensar.
E as conversas perseguem as
palavras que não são escritas, apenas
faladas na memória do tempo
que passo distante de você.
Estou à margem de sua vida e
a minha segue o curso de rios
tumultuosos que não desaguam
no mar e se perdem no meio do caminho.
E perdida entre razão e emoção
nesse momento crio ilusões
que são desfeitas ao vento, manchadas
em tintas de cores fortes
que não se apagam.
Diz-me, pois, onde andam seus olhos
que se perderam dos meus e onde
devo procurar você nessa distância
que há entre nós.
Talvez possa eu amenizar a dor da
saudade que invade o peito e
repousa lágrimas nos olhos meus.