Quem entende o amor
Quando a vida me fez, deu-me de presente
o mundo com trepadeiras do céu crescendo
para baixo, cheiro de seiva o ar perfumando
e disse da colheita final seria eu a semente!
Tantos amores eu tive e tantos me tiveram,
abençoadas as pegadas de fé que nasceram
neste chão, onde o céu floresceu esperanças
para nos ensinar o amor feito doces crianças!
Uns vão outros ficam, estão no mesmo lugar
quem fica caminhos pequenos deixou atrás
e quem vai sai à procura d’outro lar de paz,
numa ciranda, caminhamos unidos ao mar!
Posso eu entender como a chuva floresce amor
e todo roseiral chove perfumes embriagadores,
nuvens e o ventos velozes são antigos amores,
exultante, invado cabeleiras do céu com ardor!
E por amar a vida tão loucamente e tão amiúde
e não querer partidas com gosto de despedidas,
prefiro viajar feito dia e noite, onde a saudade
de um revive o outro em paz, amor e realidade!
D’um poço de trevas a luz resgata amor perdido,
porventura desvanecido a perder de vista do sol,
abraça-o com tal ternura que lhe doa um mundo
de todas as quimeras do Pai nosso - eterno farol!
Santos-SP-14/2006