Rodamoinho!
(Poet ha Abilio Machado. 010999)
Recordei hoje do passado
Sombras ou luzes
Partes que teimam
E em mim permanecem
Amortecem as pernas aqui
Sentado ao vaso transcrevi
Caneta à mão
O corpo salpicado
Das tintas em cores
E das imagens fantasmas que não ignoro
Imagens que não saem
Se fazem...
Meu coração bate
Pouco e mais forte
A pressão faz saltar a folha da mão
Um pequeno colapso do ser
Um maço de roupas amontoada
No chão como o que foi, jogadas
Os pincéis deitam-se desmedidos aos pingos
A bandeira_cueca em prontidão
É o sabonete que escorrega
E meu riso frouxo
Sobre a antiga vendeta
Na chuveirada de homens
Quem tem a coragem
Quem há de ter ousadia
Para apanhar o vilão que se espalha?!
A água vem dos cantos
Ao centro do vazio
Gira, gira...
Seria tão fácil esquecer
Se ali soltasse meus monstros
E finalmente voltar a sentir!
Os pés firmes no chão
E uma mão segurando a sua
E juntos
Prontos para ir!