Quarto de Poesias

Primeiro

veio a idéia,

sussuro de vento,

marola na veia

da poesia.

Segundo seguinte,

o desejo

no seio da alma

do seio da amante.

Terceiro algum poderia

no curso deste sopro

incontrolável

interferir.

Quarto!

Quarto quieto,

com ar de guardado

e aguardado,

querendo música

e dança de quadris.

Alvos lençóis e vinho gelado

qual tinteiro e folhas em branco

pedindo por uma quadra

de poema praticado.

Luzes que ora pousam esmaecidas

pelos cantos, imóveis,

ora cantam e voam

por móveis pêlos ensandecidas.

Um frio asséptico

que recepciona indiferente

anônimos hóspedes apressados,

vira calor cúmplice

que hospeda no presente

amores passados a limpo.

E quando os poetas

de amor praticado

em carne e vestes

se retiram

e a estes se refiram

cortinas e paredes

o que ninguém saberia,

resta no espelho

um reflexo de poesia.