Recaída
O ritmo dissoluto dos versos de
Bandeira quebra a lira da
Poetisa, trazendo à cena poética,
uma vez mais, a Bacante,
discípula não de Baco, mas
de um outro Mestre Dissoluto.
A Bacante recolhe os versos
que a Poetisa rejeita, e com
eles tece o discurso do
não-dito, nas entrelinhas
do desejo confesso.
Tu sabes teu pensamento e
vontades, conflitos que armam
batalhas homéricas em ti,
na incessante busca da
mais-valia que não chega,
no excesso prosaico da
realidade ao teu redor.
O Mestre arma a teia – ou
terá sido o contrário? – e
pede que a Bacante o esqueça.
Como, se o desejo ainda
pinta na tela de seu corpo
as cores roxas da paixão?
Será, pois, o verso assim
tão controverso?
Ou serão tuas palavras
apenas reflexo de uma recaída?