Amores Volúveis
E esse amor que sem arder me queima
e sem ser fogo é brasa
e sem olhar me vê
e sem querer me gosta
e sem falar me diz
e sem poder me acolhe...,
seco de sabor me molha,
nunca me deixando ser feliz
e se é mesmo amor, sufoca
e se não está no verso, é prosa
e nada é-me nada mais.
Há amores nas noites que vivem às claras,
os do meio-dia feitos eternos vultos
e os que nunca falam nada
ou os que sempre dizem tudo,
nascendo acabados feito surdos-mudos,
sem tempo, sem boca, amores volúveis.