Os teus olhos...

O teu olhar negro jovial e cigano

Faz de mim um girassol mundano

Vejo nele mil casos e desenganos

Que maltratam e consomem há anos

Pelas frestas, vazios e entranhas...

E vai queimando tudo feito ardente chama

Penetra, adentra, ocupa e logo assanha

Fustiga às minhas veias e me incendeia

É indescritível o estrago que desencadeia

Nunca vi olhos tão santos e profanos

Ah este teu olhar de deusa cigana

Insinuante a fazer das noites dia

Apronta... Come-me pelas beiradas

Arranca minhas vestes e me queda

Tanto mistério ele sabe que guarda

Profundidade calada da madrugada

Que me joga sempre em teus braços

Não há sinônimo para suas estocadas

Das labaredas que dele se despreende

Dos teus olhos nasce o brilho das estrelas

Ofuscam as outras pessoas ao redor

Este teu olhar poderoso e impiedoso

Quando encara os meus desejosos

Faz de mim um pobre diabo aos teus pés

Não resisto à sedução do teu fascínio

E você sabe como me tirar o tirocínio

Conhece a capacidade do teu domínio

Deixa-me um menino débil em desatino

Baratinado, inebriado e enlouquecido

Ainda hei de decifrar este olhar encantado

Porque sei que esconde inúmeras dores

Já passou por mil sufocos e tantos amores

E tem a beleza da pureza que nos encanta

Alivia almas sofridas que por aí perambulam

Dos teus olhos e do teu intenso olhar...

Muitos poetas tentarão te decifrar

O que escondes dessa sede de amar

Da fome insana e soberana a criar

Ao nos fitar fascina mais que um luar

Nada se compara a essa força imensa

Que dos teus olhos e da tua energia...

Fez brotar aqui em mim esta poesia

Dedico-a só aos teus olhos e ao teu olhar

Cônscio de que assim imortalizo a inspiração

De dois deuses que a conceberam num altar.

Hildebrando Menezes

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 17/01/2009
Reeditado em 17/01/2009
Código do texto: T1389081